
O empresário Flávio Faria Ribeiro, afirmou em entrevista ao site RepórterMT, no último dia 27 de maio, que tinha certeza de que não sobreviveria ao tiro que levou na cabeça, há pouco mais de três anos, durante uma tentativa de roubo a sua loja, em Cuiabá.
A tentativa de latrocínio (roubo seguido de morte) aconteceu no dia 04 de maio de 2018, na joalheria Vinicius Joias situada no Calçadão da Ricardo Franco, no Centro Histórico.
Dia 04 de maio representa uma experiencia que eu nunca imaginei passar. O assalto que nós tivemos, onde eu acabei reagindo e fui alvejado com dois tiros. Neste momento, eu senti que tomei o tiro na cabeça e tive a certeza de que não sairia dessa com vida. Foi passando um filme na minha cabeça. Na época cheguei até a falar para minha esposa que eu iria, mas que não voltaria”, disse.
Por volta das 09h30, daquele dia, Flávio estava acompanhado de sua esposa Gleicy quando um casal chegou no estabelecimento se passando por clientes.
Em determinado momento, o bandido identificado como A.F.B.S., sacou uma arma de fogo da bolsa da companheira e anunciou o assalto. Rapidamente Flávio reage e vai para cima do criminoso que atira.
O primeiro disparo atingiu a região do tórax da vítima, no entanto, o tiro acabou atingindo uma medalha de ouro que fez com que a bala ricocheteasse, atingindo a vitrine da loja.
"Sabe quando você vai atravessar uma rua e seu cérebro processa a velocidade dos carros e a distância que você tem que percorrer? Foi assim que eu pensei quando reagi. Ele estava muito próximo de mim e eu achei que conseguiria desarma-lo. Quando ele deu o primeiro tiro eu cai, mas a bale atingiu a medalha de uma corrente de ouro que eu usava e não me atingiu", explicou.
"Parece até coisa de filme, quando a gente vê que o tiro atinge um celular, ou uma bíblia e salva a pessoa, parecia inacreditável. Hoje eu me arrependo de ter feito aquilo. Não reajam em situações como essa", acrescentou.
Mesmo já no chão, o assaltante abaixou e realizou mais um disparo, que atingiu a cabeça de Flávio.
"Quando eu percebi que o tiro tinha atingido minha cabeça, eu sabia que não ia sobreviver. Naquele momento, eu cheguei até a passar as senhas do banco para minha esposa, pois sentia que não iria voltar pra casa".
Antes de fugir, o criminoso chegou a apontar a arma para a esposa do empresário, que se abaixou atrás de uma mesa para se defender. Em seguida, o casal de bandidos fugiu.
As câmeras de segurança da loja registraram todo o crime. Ferido, Flávio chegou a se arrastar para fora da joalheria, onde foi socorrido por uma enfermeira que estava trabalhando na loja em frente.
“Aquela mulher foi, de alguma forma, a minha salvadora. Ela viu que o tiro na cabeça tinha atingido uma veia artéria e eu estava perdendo muito sangue. Foi quando ela disse que se eu esperasse o Samu eu poderia morrer ali. Meus irmãos, que tem loja na região, vieram rápido e me levaram para o hospital com escolta da Polícia Militar. Lá o médico disse que se eu demorasse mais um pouco para chegar, já estaria morto”.
Minutos após o crime, a PM conseguiu capturar o atirador que estava a poucos metros da joalheria. Já a comparsa dele, foi presa dias depois.
Após passar por algumas cirurgias, Flávio acordou do coma 11 dias após o acontecido.
“Foi uma sensação muito boa quando eu abri os olhos, pois tive a certeza que eu sobrevivi, era algo que eu não esperava”, afirmou.
"A sequela que ficou, foi que resquicios da bala ainda estão alojadas atrás da minha medula. Mas os medicos disseram que não tem perigo elas ficarem alí".
Flávio voltou à loja onde foi baleado dois meses depois. Para a esposa Gleicy, que também viveu toda aquela experiência, fica até hoje a sensação de insegurança.
“As vezes, quando eu fecho os olhos eu revejo toda aquela cena. Eu ainda não consigo ter um sono tranquilo como antes, foram momentos de muita angustia, medo e tensão que passei ao lado do meu marido”.
Pedido de perdão
Três meses após o crime, o casal de criminosos foi a julgamento, onde foram condenados há 14 anos e 8 meses de prisão em regime fechado.
Na época, A.F.B.S., pediu para que eu fosse falar com ele, pois ele queria me pedir perdão.
“Apesar de ter me recusado a olhar nos olhos dele, eu pedi que dissessem a ele para que ficasse em paz, pois eu já tinha perdoado ele quando ainda estava na UTI”.
“Estou muito satisfeito com a Justiça, até porque, no meu caso ela foi feita. Eles foram presos e condenados de forma ágil, como é difícil de se ver por ai”.
Nova loja
Pouco tempo após o acontecido, Flávio resolveu mudar o endereço da loja. Além das câmeras de segurança e alarmes, o empresário contratou seguranças particulares.
“Apesar de não ter mais aquela sensação ruim que ficou no começo, tomamos todas as medidas de segurança possível. Viemos para um local mais movimentado, com mais segurança para que o que aconteceu há 3 anos não volte a se repetir”.
“Loja nova, vida nova e a esperança de que momentos maravilhosos estão por vir. A experiência fica gravada na memória para sempre, mas com fé em Deus seguimos a diante”.