
Anos atrás, como repórter de A Gazeta, tive a oportunidade de entrevistar o juiz Rui Ramos. Não me lembro qual era a vara de sua responsabilidade. Confesso qu e tive boa imprensão. Pareceu-me ser um magistrado sério e probo.
Dito isso, quero dizer ao ilustre desembargador que não sou uma pessoa tendenciosa e desinformada. Estive, sim, no TRE e solicitei uma cópia do processo em que o deputado federal Pedro Henry (PP) foi declarado inelegível.
Queria saber o teor do processo para fazer juízo. Cá entre nós, desembargador, nem Nostradamus, se estivesse vivo, conseguiria com tanta precisão acertar que uma entrevista, embora tenha sido longa, tivesse influenciado os quinhetos e poucos eleitores a darem vitória a Ricardo Henry (PP), irmão do parlamentar.
Gostaria de ouvir da boca do senhor como a justiça eleitoral conseguiu detectar isso. Tem alguma bola de cristal para enxergar o passado?
O meu objetivo, porém, não é discutir esta ou aquela decisão, mas, sim, a necessidade de se respeitar o veredito das urnas. Afinal, com todo respeito, o meu voto tem o mesmo peso do de vossa excelência e não aceito, sem querer ofender, que uma meia dúzia de juízes decidam que a vontade da maioria não tenha validade, como aconteceu por duas vezes em Santo Antonio do Leverger.
Quero, isso sim, debater o respeito a vontade popular. Fechou as urnas, o eleito só poderá ser cassado se cometer irregularidades graves no exercício do mandato. As acusações, que não forem julgadas até a data do pleito, perdem a validade. Não podemos mais ficar assistindo, passivamente, a realização, digamos, de terceiro turno. É fácil montar falsos flagrantes.
Citei, propositalmente, Pedro Henry e o deputado José Riva (PP), porque os dois são tratados, pelos arautos da moralidade, como o "diabo" em pessoa. Só que milhares e milhares de pessoas votam neles em todas as eleições e precisam ser respeitadas. Não sei se vossa excelência já percebeu, esses arautos da moralidade se julgam seres superiores e não aceitam críticas, quando, em verdade, são um bando de "espírito de porco".
Um fraterno abraço, desembargador Rui Ramos. Não fique bravo.