
Moradores com residências próximas ao rio Prata e empreendedores do ramo de turismo das
cidades do Vale do São Lourenço, recentemente, se surpreenderam com aumento do volume
de água e procuraram autoridades públicas para questionar a possível causa da alteração no
leito d’água. Em busca de respostas, as administrações municipais, provocadas pelos cidadãos,
procuraram o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Lourenço (CBH), já que é um ente do
Sistema Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos. Ele funciona como uma espécie de
“parlamento das águas”, por ter, entre outras atribuições, a responsabilidade de debater e
executar ações de interesse da bacia hidrográfica, como estabelece a Agência Nacional de
Águas e Saneamento Básico (ANA).
Sendo o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Lourenço reconhecidamente o “guardião” dos
recursos hídricos de uma parte importante da região sudeste de Mato Grosso, a Usina Elétrica
Prata, que possui um central geradora hidrelétrica (CGH) e duas pequenas centrais
hidrelétricas (PCHs), em Juscimeira, o convidou para uma visita técnica. Nesta segunda-feira,
mais de 10 integrantes do CBH São Lourenço percorreram as instalações do empreendimento,
acompanhados de profissionais técnicos da empresa e também representantes da Secretaria
Estadual de Meio Ambiente (SEMA) e de secretarias municipais de Juscimeira e Jaciara.
O fluxo de água e o modo como é controlado pela estrutura hidrelétrica por profundidade e
controle de sedimentos, além de vegetação ciliar, isolamento e corredor para animais
silvestres puderam ser observados. A visita serviu, ainda, para demonstrar como é o
funcionamento da CGH e PCHs, uma vez que regulam a vazão dos cursos hídricos da região.
Depois de percorrer por dentro a estrutura hidrelétrica, a presidente da CBH São Lourenço,
Milly Siqueira Cardinal de Almeida, explicou que quando há chuvas intensas ou escassez de
água o complexo hidrelétrico não possui controle sobre as consequências das intempéries.
“Quando há excesso de água (chuva) há um extravasamento no leito principal dos córregos, e,
quando há escassez, também não é repentina a diminuição do volume de água”, afirmou.
A Usina Elétrica do Prata possui a central geradora hidrelétrica Água Clara com capacidade de
quatro megawatts e duas pequenas centrais hidrelétricas, a Água Prata e Água Brava. Cada
uma como capacidade geradora de 13 megawatts. O gerente operacional, Ivo de Souza Bueno,
explicou que o complexo hidrelétrico não pode interferir significativamente no volume do
curso d’água, porque não tem capacidade de acumular grande quantidade de água, como é o
caso das usinas com barragens com sistema de comportas. O volume de água no rio Prata,
portanto, é praticamente estável. Ele conta também que um dos objetivos da visita técnica foi
educativo. “O CBH São Lourenço ajudará com sugestões relevantes para a operacionalização
dos recursos hídricos”, disse Bueno.
Uma das ações que estão no planejamento da CBH São Lourenço e será realizada em breve nos
municípios do Vale do São Lourenço une educação e comunicação. A ideia é levar informações
que possam abrir uma conversa com os moradores com moradias próximas aos rios para
possibilitar compreensão e consciência sobre os recursos hídricos e seus usos sustentáveis.
“Serão feitos projetos de comunicação e educação ambiental a serem oferecidos às
populações que dependem desses leitos d’água”, garantiu a presidente do CBH São Lourenço.
Relevância da CBH São Lourenço
O CBH São Lourenço foi criada no dia 8 de novembro de 2012. Sua atuação contempla 332.875
habitantes e impacta positivamente 13 municípios mato-grossenses. A sua área de
abrangência é de 24.768 km².