FATO ESCANCARADO

Falta de areia no Rio Cuiabá afeta o Pantanal e encarece obras, diz geólogo

A falta do recurso impacta no serviço executado pelas dragas e já era prevista desde a construção do Manso

Redação: Baixadacuiabananews | 06/02/2024 - 09:05
Falta de areia no Rio Cuiabá afeta o Pantanal e encarece obras, diz geólogo

O problema da falta de areia para retirada do Rio Cuiabá é um problema que está escancarado desde a construção do Lago do Manso e que precisa de solução imediata, pois tem causado impacto ambiental, social e econômico. A análise é feita pelo geólogo e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Caiubi Kuhn, que afirma também que esse problema encarece o preço da areia no estado, impactando na construção civil.

Não é um problema que nasce agora. Quando foi construído o Lago do Manso, já sabiam que a areia iria ficar lá, mas nada foi feito. Estamos há muito tempo sem nenhuma medida ser tomada. A falta de areia e retirada da pouca que existe no Rio Cuiabá acaba impactando o Pantanal. Além disso, há o impacto social, já que a há o aumento do custo dessa areia, essencial para o desenvolvimento para Cuiabá e da região metropolitana”, afirma.

Segundo o geólogo, a situação mostra a importância das políticas de recursos minerais. “Quando falamos dragas, estamos falando de recursos para construção civil, para construir casas. Antes, quando não tinha o Lago do Manso, a areia sem ter estudos feitos, sem ter a política de recursos. O Manso foi construído sem estudo de impacto no fluxo de sedimento e olha no que deu ” daquela região chegava em Cuiabá em um volume alto. Os mais antigos falam em praias de água doce no Rio Cuiabá no Dom Aquino, que o pessoal jogava futebol na praia. Hoje não tem mais essas praias, pois essa areia está no Lago do Manso”, explica.

A redução da disponibilidade de areia levou ao encarecimento do material.

A tendência é só diminuir a quantidade e aumentar o preço, porque a areia que estava no caminho do rio já passou ou está terminando de descer, não vindo mais areia dessa região. É preciso buscar soluções para isso e é uma discussão ampla que precisa ser feita por vários setores”, pondera.

Segundo especialista, quando uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) é construída torna-se comum que a areia fique barrada nela. Dependendo do tamanho do reservatório, a areia não atravessa esse reservatório, o que impacta ao longo do canal do rio e acaba impactando a população que precisa dessa areia.

“Por isso é importante ser discutido com a população a decisão dessas construções, pois qualquer intervenção no meio tem resultados”, pontua.

Segundo Caiubi, em alguns casos, a construção de usinas pode não criar um impacto grande ao longo da bacia.

“Agora na Bacia do Rio Cuiabá especificamente a construção do Manso já impactou muito o fluxo de sedimento, e a construção de outras barragens impactaria mais. E é complicado irmos para discussões sem ter estudos feitos, sem ter a política de recursos. O Manso foi construído sem estudo de impacto no fluxo de sedimento e olha no que deu”, critica.  

Fonte: RDnews