Entre as maiores ameaças ao Pantanal mato-grossense existentes hoje estão a construção de drenos profundos em baías e corixos e de micro e pequenas hidrelétricas (PCHs) na região pantaneira e seu entorno, com estudos de impacto ambiental isolados. A informação é do procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, José Antônio Borges Pereira.
O chefe do Ministério Público de Mato Grosso (MPE-MT) participou da abertura da “Conferência Sobre o Estatuto do Bioma do Pantanal Mato-grossense”, na Assembleia Legislativa (AL), em Cuiabá. Na oportunidade, ele defendeu a necessidade das instituições e dos cidadãos se conscientizarem da importância de se promover um desenvolvimento sustentável da região, sob pena de se pagar um preço alto do ponto de vista socioambiental.
“São mais de 60 micros e pequenas hidrelétricas construídas no Pantanal. Não adianta cada uma delas fazer seu estudo de impacto sem pensar no global e isso tem os seus reflexos. Por isso temos que discutir o que fazer para salvar o Pantanal, porque aí estaremos salvando a cultura pantaneira”, disse frisando que falar do bioma pantaneiro é falar do Cerrado, que serve de caixa d’água, por isso é importante sua preservação.
Conforme Borges, estudos científicos demonstram que os ecossistemas são interligados e qualquer intervenção inadequada em um deles, levará a consequências ambientais em outro. Por isso, segundo a assessoria de imprensa, entre as propostas a serem defendidas pelo MPE ao longo da conferência, com base no conhecimento e atuação dos promotores e procuradores que atuam na área ambiental, está a necessidade de se adotar políticas voltadas não apenas para aquele ecossistema.
O procurador-geral de Justiça avalia ainda que as consequências dessa omissão, de uma forma global, podem ser percebidas com as mudanças climáticas que afetam o mundo todo. Exemplo disso são as inundações registradas região Sul do país e a intensa seca que atingiu o Centro-Oeste, a ponto de ter sido necessário construir poços artesianos ao longo da Rodovia Transpantaneira, em Poconé (104 km ao Sul de Cuiabá), para dar água aos animais que vivem no Pantanal, maior área alagada do planeta, e atender a população local.
A conferência terminou na sexta-feira (12), e teve o objetivo de debater propostas para o desenvolvimento sustentável do bioma pantaneiro e fornecer subsídios que possam aperfeiçoar o Projeto de Lei nº 5.482/2020, de autoria do senador Wellington Fagundes (PL-MT) e que está em tramitação
