
O comandante da Polícia Militar em Chapada dos Guimarães, tenente-coronel Lupércio Cabral Santos, negou que tenha havido um aumento na criminalidade no Município nos últimos meses. Mas, apesar disso, informou que houve um incremento no policiamento nos locais onde ocorreram crimes recentes.
Nas últimas semanas, relatos de crimes - alguns deles inclusive filmados por câmeras de segurança - elevaram o alerta e a sensação de insegurança entre os moradores.
Em um intervalo de três dias - na segunda semana de setembro - foram registrados três assaltos diferentes. Dois deles com uso de arma de fogo e ameaças por parte dos ladrões.
Seja o delito que for, a gente tem trabalhado focado em levar a sensação de segurança à população
“Não vejo como situação de insegurança. Mas o cidadão que está acostumado, como os mais antigos dizem ‘a dormir de janela aberta’, quando acontece uma sequência de três roubos em uma mesma semana, é normal se sentir inseguro”, explica.
O militar destaca que o Município apresenta um baixo índice de criminalidade comparado a outras cidades. O crime de furto - subtração dos bens de outra pessoa - seria, segundo ele, mais corriqueiro que os de roubo, quando é feito com emprego de violência ou ameaça.
Os dados confirmam essa informação. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública, de janeiro a agosto de 2021 foram um total de 207 casos de furtos contra 28 casos de roubos na cidade.
No entanto, os números também mostram um princípio de aumento nos casos de roubo, se compararmos o mês de agosto com os anteriores. Em agosto foram oito assaltos com emprego de violência ou ameaça, enquanto em meses anteriores foram registrados entre um e cinco casos.
“Seja o delito que for, a gente tem trabalhado focado em levar a sensação de segurança à população”, explica.
Quem são eles e onde operam?
Conforme a Polícia Militar, a criminalidade é migratória. Antes dos últimos casos registrados no perímetro urbano, os furtos ocorriam concentrados na zona rural.
Nas últimas semanas, no entanto, não teriam sido registrados furtos ou roubos na zona rural. O que indicaria que os grupos criminosos migram para outras regiões agindo por temporadas em cada uma delas, além de serem compostos por criminosos de outras localidades.
Segundo o militar, um dos envolvidos nos três primeiros roubos registrados no último mês foi preso em flagrante. Ele confessou a autoria e disse manter contato com um criminoso de Cuiabá, que também teria participado dos crimes.
Os nomes dos demais envolvidos já foram entregues à Polícia Civil, que investiga os casos.
Uma das informações que circulam entre moradores é a de que uma facção criminosa teria ordenado, devido à repressão policial contra o tráfico de drogas, que os crimes fossem cometidos.
Cabral alega não ter tido acesso a essa informação, mas também não a descarta, pois soube de situações similares em outros municípios.
O efetivo policial
O efetivo policial não foi capaz de acompanhar o crescimento da cidade e o aumento no fluxo de turistas. O último concurso público que recrutou soldados aconteceu em 2015. De lá para cá não houve reforço algum de pessoal.
Um dos roubos filmados por câmeras de segurança em Chapada
Cabral, por sua vez, explica que esse déficit não atinge apenas Chapada dos Guimarães e nem somente a Polícia Militar.
“Vale destacar que, além de a Polícia Militar realizar a prisão, tem que haver a manutenção desse criminoso preso, senão fica aquele ciclo de prende e solta”, explica Cabral.
O militar afirma que é possível perceber uma espécie de ciclo, no qual criminosos presos que saem do regime fechado voltam a cometer crimes, mesmo sendo monitorados por tornozeleiras.