
O dia dos pais da família Barros, em Cuiabá, tem muito a ser comemorado neste domingo (8). Isso porque, o policial militar aposentado, Douglas Barros da Silva, mais conhecido como cabo Barros, paraplégico desde 2014, se superou e realizou o sonho de subir o Morro de Santo Antônio, em Santo Antônio de Leverger, neste sábado (7).
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Para o trajeto que durou aproximadamente 2h30 de ´escalada´, foi preciso muito esforço físico e técnicas de rapel. Barros teve ajuda do filho, Douglas Barros da Silva Júnior, de 15 anos, e de um grupo de amigos, entre eles, profissionais em esportes radicais.
“Eu chamei uns amigos e eu disse que estava com desejo de subir o Morro de Santo Antônio e na hora recebi todo apoio de todos eles e fizemos isso acontecer. Não foi nada muito planejado, combinamos na sexta e no sábado fomos. Sem dúvida nenhuma foi realização de um sonho”, disse a reportagem do HPN.
Barros ressaltou que para descer foi mais tranquilo, não ultrapassando mais de 1h30. “Já conhecíamos o trajeto, então facilitou bastante, mas só tenho agradecer a Deus primeiramente e a todos que se dispuseram a realizar esse desafio, que deram sangue, foi difícil, mas Deus nos acompanhou”.
Estou muito feliz e com coração preenchido. Venho passando por umas situações complicadas, mas uma situação dessa [de subir o morro] enche meu coração por ter amigos e meu filho que sempre me apoiam”, declarou.
O filho de Barros também se emocionou ao compartilhar o momento com o pai. “Foi bem desafiador, cansativo, mas no final deu tudo certo. Valeu a pena todo esforço. Foi a minha primeira vez também de subir no morro e fiquei muito feliz de estar ao lado dele nesse momento”, afirmou. Segundo Júnior, os desafios não terminam por aí. “Vamos agora nos planejar para fazer mais rapel, trilhas em cachoeiras e superar novos desafios”, contou à reportagem.
O construtor civil Marcelo Ormond de Moura foi um dos integrantes do grupo que subiu o Morro com Barros. Ao todo, o grupo era formado por seis adultos, o filho de Barros e um menino de 10 anos, filho do subtenente Marcelo da Mata. Ormond aponta que também foi um desafio chegar até o topo.
"Meu primo me contou do sonho de Barros, até então eu não o conhecia e aceitei o desafio na mesma hora. Assim que cheguei no Morro o pessoal já estava equipando Barros. Ele estava muito emocionado e ansioso", comenta. "No início foi muito difícil, tem alguns acessos bastante complicado até mesmo para quem vai a pé", ressaltou.
Em determinado momento, ele conta que o grupo até chegou a possibilidade de querer desistir, mas com determinação conseguiram concluir o desafio. "Eu olhei para os olhos de Barros e vi que ele estava com muita vontade de chegar até o topo. Com garra, graças a Deus chegamos lá até mesmo com apoio do pessoal que já estava no morro. Isso ficará marcado na vida de todo mundo. Acredito que ele seja o primeiro cadeirante a conseguir".
O acidente
A vida do cabo Barros mudou quando foi vítima de uma tentativa de assalto, no bairro Lixeira, em Cuiabá. Ele contou que havia saído do expediente, foi para casa em seguida iria buscar o filho na casa da sogra. No caminho, ele passou na distribuidora de um amigo e em determinado momento, o suspeito anunciou o assalto.
“O homem mandou eu passar a chave do carro. Quando eu me virei, ele estava apontando uma arma .38. Um comparsa do roubo me reconheceu como policial militar e falou "mata ele". Eu reagi, o suspeito bateu na minha cintura, puxei minha pistola e ele atirou em mim", contou. O disparo atingiu a lateral do tórax de Barros causando uma lesão medular.
"Eu já caí sem movimento e fiquei paraplégico. Os suspeitos fugiram. Fiquei internado por um mês, recebi alta e fiz fisioterapia. Depois descobri que um deles acabou sendo preso. Mas agora não sei mais o destino deles. O que importa é que estou bem".
Barros classifica tudo que aconteceu nos últimos anos como uma ´reviravolta´ em sua vida. "De lá para cá virei atleta, comprei bicicleta adaptada, ganhei vários campeonatos. Fiz uma bagunça na minha vida. Em uma palavra poderia definir superação. Todo mundo se supera a cada dia, mas para mim foi mais difícil porque precisa de mais força. E apesar de tudo nada me faz desistir”.