
O vereador Wanderson Pelado (PSC), de Barão do Melgaço (113 quilômetros de Cuiabá) fez duras críticas à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA). Há uma semana, mais precisamente no dia 15 de janeiro, uma equipe técnica esteve no município para avaliar as causas do assoreamento da Baía de Chacororé, que sofre a maior seca de todos os tempos. Técnicos prometeram iniciar, imediatamente, a desobstrução de pelo menos 20 canais que a abastecem. Mas, até agora, nada teria sido feito.
Vieram aqui, tiram fotos e só! Até agora, não vi nenhuma máquina limpando os corixos (canais) por onde vem as águas dos córregos que abastecem a Baía. Como disse o deputado Allan Kardec (PDT), na teoria ficou muito bonito; o discurso ficou bonito. Precisamos colocar o que foi falado e prática”, disse.
Wanderson Pelado cobrou diálogo entre a Sema, o poder público municipal e, principalmente, com os pantaneiros que vivem na região.
“Não é só colocar em prática um estudo técnico, quem nem foi colocado. Tem que ouvir os pantaneiros que conhecem o que está acontecendo porque vivem aqui, sabem dos problemas daqui. Na minha opinião, os ribeirinhos são os maiores técnicos neste assunto. Gente que vive há 80, 100 anos no lugar e que foi deixada de fora das discussões. As últimas limpezas dos corixos fomos nós que fizemos, sem recursos. Sabemos onde está o problema e o governo precisa nos ouvir e atacar o problema”, disse o parlamentar.
Para o vereador, a regulação das águas do rio Cuiabá feita ela usina do Manso teria causado o desastre ambiental.
“A baía começou a secar logo que instalaram a usina. O Cuiabá abastece a Baía e está seco em plena época de chuvas. O que está acontecendo? Precisamos ouvir a população que sabe o que tá acontecendo. O que estamos vendo é que a Sema pega dois, três professores (nada contra os professores) que chegam no município e dizem: tem que fazer assim! E o povo fica quieto. É um povo humilde que tem medo de falar. As autoridades precisam ouvir o povo ribeirinho para fazermos um trabalho definitivo para que em dois, três anos, as águas voltem a encher Chacororé “, disse.
Domingos Dias de Araújo, que nasceu e vive em Barão há 70 anos aponta mais um problema. Segundo ele, o barramento de parte do curso do Rio para abertura de uma passagem de pessoas e veículos teria interrompido o fluxo de águas da baía. A obra pública teria assoreado ainda mais um dos canais impedido que a cheia da Baia. “Até mesmo os poços artesianos das propriedades rurais estão secos”, disse.
“A barragem (de terra) começou a ser feita em 2009. Por falta de manutenção por parte do governo, o povo foi abrindo espaço para passar com barco e a água foi sumindo. E, estamos nessa situação em que vocês estão vendo. Do final de março pra cá, dá para andar a pé e de moto dentro de praticamente toda Baía. ”, disse o morador.
Comissão de deputados
No dia 14 de janeiro, uma comissão da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, formada pelos deputados estaduais Allan Kardec (PDT), Max Russi (PSB), Faissal Calil (PV) e João Batista (Podemos) estive no local. Kardec, que coordenou as ações, disse que a Sema já tinha em mãos um estudo mostrando as principais causa do assoreamento local. Em resumo, obstrução de canais, assoreamento provocado pela construção de barragens particulares, abertura de passagens e construção da MT 040.
Na ocasião, Kardec também apontou possíveis falhas na regulação do fluxo das águas do rio Cuiabá pela usina do Manso. o parlamentar prometeu ir à usina para investigar o problema. Mas, até agora, esta visita não ocorreu. O deputado espera a oficialização do requerimento de informações do Manso por parte da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa.
“Precisamos verificar se o problema está relacionado com a atividade da usina do Manso. O Manso está retendo a água do rio Cuiabá? O volume do rio está baixo por causa do Manso? Queremos estas resposta. Já fiz um requerimento destas informações e de uma visita técnica da Comissão de Meio Ambiente da AL e dos parlamentares que estiveram no local à Usina. Estou aguardando a oficialização por parte do legislativo “, explicou.
O primeiro-secretário da Assembleia, deputado Max Russi (PSB), prometeu intervir junto ao governador Mauro Mendes (DEM) para que a recuperação ambiental fosse iniciada imediatamente temendo repercussão internacional.
“Isso aqui vira mídia nacional e internacional negativa para nós. O que adianta ser líder de exportação e plantação, mas não resolver o problema do Pantanal? Então, vamos acelerar esse processo, para recuperar a natureza da Baía de Chacororé”, disse durante a visita.
SEMA
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, informou no dia 15 de janeiro, que uma equipe formada por técnicos da Sema e da Sinfra percorreu cada um dos pontos de entrada de água na região de Chacororé e identificou ao menos sete aterros em locais indevidos que interrompem a passagem da água pelos corixos – canais de água que ligam rios à baía. Além da verificação por terra, técnicos da Sinfra utilizaram drones para acompanhar o curso dos rios e captar imagens e interrupções do fluxo da água. Que diante dos resultados encontrados, iniciaria as obras de recuperação da Baía. Os ribeirinhos aguardam o início das obras.