Quem visita a Baía de Chacororé, em Barão de Megalço (113 km ao sul de Cuiabá), se assusta com a realidade. A área de tamanho equivalente a três Baías da Guanabara, no Rio de Janeiro, em pleno Pantanal mato-grossense, está completamente assoreada. A água secou e a biodiversidade aos poucos está sumindo.

Em visita à região nesta quinta-feira (14), um grupo de autoridades dos municípios de Barão de Melgaço, Santo Antônio de Leverger e deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, puderam constatar o problema junto a pantaneiros da região. A falta de limpeza dos canais que abastecem a baía, barragens irregulares que desviam o curso de rios que a alimentam, entre eles o Cuiabá, e o lixo encontrado são apontados como os grandes problemas.

o presidente da Câmara de Santo Antônio, vereador Rominho (PV), que acompanha de perto a tragédia ambiental

Para o presidente da Câmara Municipal de Barão de Melgaço, vereador Denas Silva (PSDB), o atendimento ao pedido de “socorro” feito pela Câmara e a prefeitura de Barão surtiu efeito, pois trouxe ao município, representantes da Assembleia Legislativa, do judicíário e Governo de Mato Grosso, para que “in loco”, eles pudessem observar o tamanho do desastre ambiental que atravessa a maior Baía do estado de Mato Grosso.

Segundo o presidente do poder legislativo de Barão o governo do estado e a Assembleia Legislativa tem que buscar informações com dados técnicos e cobrar da direção da empresa Furnas que administra o complexo da represa de Manso um posicionamento sobre o represamento de água, principalmente nesse período chuvoso que Mato Grosso atravessa. Para Denas é inademissível que além dos inúmeros problemas causados pelo represamento das águas do Rio Cuiabá, a empresa não desenvolveu nenhum tipo de ação social em prol dos moradores ribeirinhos de Santo Antônio de Barão de Melgaço.

A prefeita Margareth Gonçalves (PSDB), do município de Barão de Melgaço, chorou ao discursar durante o evento na baía

Já o presidente da Câmara Municipal de Santo Antônio do Leverger,  vereador Rominho (PV), que acompanha de perto a tragédia ambiental,  também chamou a atenção para a responsabilidade da Usina do Manso que deveria controlar a entrada e saída de água para o rio Cuiabá que abastece a região.

Esta Baía é abastecida por pequenos rios através dos corixos que estão todos entupidos. A água não consegue chegar e fica armazenada na parte alta, criando o que chamamos de “embrejamento”. O governo precisa fazer a limpeza e também chamar a atenção da Usina do Manso que tem entre suas funções regular o ciclo da seca e da cheia do rio Cuiabá que interfere diretamente nesta questão de abastecimento da Chacororé. O pantaneiro tem cobrado esta providencia aos deputados estaduais e ao Governo do Estado que tem autoridade para exigir eficácia desta participação da usina. Ficamos gratos com a vinda dos deputados estaduais que trouxeram a notícia de que a Sema enviará técnicos e equipamentos para dar início ao trabalho”, explicou.  

A prefeita Margareth Gonçalves (PSDB), do município de Barão de Melgaço, chorou ao discursar durante o evento na baía. Ela disse que a cidade está esquecida e precisa de ajuda, pois além da área urbana, o município vai virar destaque no mundo por perder a natureza e descaso total com o Pantanal.

 Precisamos unir forças. Nós pantaneiros precisam de apoio. Olha nosso Pantanal. Se tá assim agora em época de chuva, imaginem na seca. Não temos arrecadação própria e precisamos dos repasses do estado. Se continuar assim, logo seremos manchete internacional. Vão falar mal da cidade e do nosso Pantanal mais uma vez. Estamos perdendo essa riqueza natural”, disse pedindo desculpas

Domingos Dias de Araújo, que nasceu e vive na Baía há 70 anos explica que o problema piorou a partir do barramento de parte do curso do Rio Chacororé para abertura de uma passagem de pessoas e veículos. A obra pública teria assoreado ainda mais um dos canais impedido que a Baia continuasse a ser abastecida também pelo rio Cuiabá. “Até mesmo os poços artesianos das propriedades rurais estão secos.”

A barragem (de terra) começou a ser feita em 2009. Por falta de manutenção por parte do governo, o povo foi abrindo espaço para passar com barco e a água foi sumindo. E, estamos nessa situação em que vocês estão vendo. Do final de março pra cá, dá para andar a pé e de moto dentro de praticamente toda Baía. ”, disse o morador.

Domingos confirmou que o local é um berçário de peixe, mas com a falta de água e o assoreamento das vazantes trancadas por inúmeras represas feitas proprietários rurais a seca se instalou definitivamente.

“Morreu muito peixe. Lá em Sinhá Mariana (Baía distante cerca d3 30 km), ainda tem água; mas tá raso. O local é  abastecimento pelo Rio Mutum que não tem barragem. Aqui é necessário de água do Rio Cuiabá. Se nada for feito, nem mato teremos em breve”, lamentou.

Vereadores de Barão de Melgaço acompanharam a visita dos deputados estaduais e representantes do governo e judiciário de Mato Grosso

Assembleia Legislativa

Os deputados estaduais Allan Kardec (PDT), Max Russi (PSB), Faissal Calil (PV) e João Batista (Podemos) estiveram na visita a Baí e informaram aos ribeirinhos empresários e autoridades que o Governo do Estado determinou que uma equipe  formada por técnicos da Secretária Estadual de Meio Ambiente esteja no local nesta sexta-feira (15) para avaliar o problema e buscar soluções definitivas.