
Em Mato Grosso, o número de focos ativos detectados pelo satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), neste sábado (29), é ainda mais assustador se comparado com o dia 29 de agosto do ano passado. Em 2019, na nesta mesma data foram computados 464 focos de queimada, ontem o Inpe aponta que foram 1.317 focos de queimadas e de calor.
No estado, de janeiro até agora, o Inpe registrou 18.272 focos de queimadas, quase metade, 9.096 só no mês de agosto, e destes, 5.437 no Pantanal. As chamas que estão devastando a região estão sendo registradas pelo fotógrafo Izan Petterle que desde 2000 é colaborador da Revista National Geographic Brasil. As imagens publicadas nas redes sociais do fotógrafo (www.instagram.com/izanpetterle) dão a exata dimensão do caos provocado pelo fogo.
www.izanpetterle.com

Margens da Transpantaneira em Poconé, o fogo se alastrou hoje de maneira descontrolada.
Em uma das suas publicações Petterle lembra: Pantanal, a tragédia anunciada. Em maio de 2011, a revista NG Brasil publicou uma grande matéria, com texto do cientista e ecólogo Evaristo de Mirando e fotos de minha autoria, a respeito da tradicional cultura da secular atividade pecuária no Pantanal. “O boi é o bombeiro do Pantanal. O bicho age na prevenção de incêndios ao consumir a vegetação cujo destino seria o de se tornar palha seca e comburente. A redução dos rebanhos, portanto, é sinônimo de acúmulo de capim seco, aumento das queimadas e, com o fogo, das emissões de metano e dióxido de carbono, gases do efeito estufa”. Um dos locais mais afetados, e foco dos incêndios, foi na RPPN Sesc Pantanal de Poconé, entidade que comprou mais de 100 mil hectares de fazendas existentes, retirando todo o gado e os pantaneiros que zelavam por esse bioma, e transformou essa região em uma “reserva” onde o capim existente chegou a mais de dois metros de altura. Em tempos passados, eu teci fortes críticas contra esse tipo de mentalidade “conservacionista” que insiste em negar a realidade local e a sabedoria das populações tradicionais que são as guardiãs de seus ecossistemas", disse Izan.
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´ O sentimento de impotência, frente a magnitude desse mega incêndio no Pantanal, é devastador´

"Final de tarde apocalíptico no Pantanal de Poconé, vaqueiros tocam o gado, de uma invernada onde pegou fogo, para um lugar seguro. Esses homens são heróis sem glória dessa luta, os verdadeiros guardiões dessa terra de gente valorosa "
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" Ipê desaba após ser consumido pelo fogo..."