PAPAI NOEL PANTANEIRO

Papai Noel leva presentes e cidadania a crianças do Pantanal

Clóvis Matos faz a ação voluntária há 9 anos e já atendeu milhares de crianças mato-grossenses

Redação: Notícias da Baixada | 08/12/2019 - 11:38
Papai Noel leva presentes e cidadania a crianças do Pantanal

Há 14 anos o professor universitário aposentado Clóvis Matos trabalha interpretando a figura que personifica a magia do Natal. Mas o Papai Noel Pantaneiro, como é chamado, vai além do figurino.

Clóvis dedica uma grande parte de sua vida a ajudar comunidades carentes mato-grossenses através de seus projetos sociais. Um deles relacionado ao Natal.

Com sua barba branca e longa, assim como seu cabelo, Clóvis conta que usou de sua aparência primeiramente para conseguir um trabalho que lhe desse um salário que poderia ser usado para investir no seu projeto principal, o “Inclusão Literária”, que distribui livros em regiões distantes. “Criei o projeto pensando nas pessoas que moram no interior, na zona rural, que não têm acesso à literatura.

Logo depois pensei que era hora de virar Papai Noel para arrecadar dinheiro para o projeto”, relembra. O Papai Noel não é obrigatoriamente essa figura que eu sou, ele é qualquer um que faz o bem, que ajuda, que é solidário, e isso é o ano inteiro. Eu sou assim, eu não tenho pensamentos para mim mais, eu penso nas pessoas.

O que Clóvis não sabia na época era que esse trabalho como Papai Noel em um shopping center seria o pontapé para seu segundo projeto social, que levaria alegria a crianças das comunidades ribeirinhas do Pantanal. Matos relata que criou o personagem Papai Noel Pantaneiro cinco anos após iniciar o projeto Inclusão literária. Tudo começou quando ele passou a ir visitar o Pantanal nos anos em que trabalhava como professor de História na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Nessas andanças Clóvis se deparou com uma realidade de pobreza e desamparo. “Os pantaneiros que nasceram ali e vivem lá até hoje, em meio a fazendas gigantescas, têm necessidades e não recebem nada lá dentro. O poder publico chega muito pouco. Por isso, decidi ajudar como podia”, explica. Clóvis então começou a comprar brinquedos para levar àquelas crianças do Pantanal, além de levar os livros que ele já tinha na bagagem há anos. Para completar a ação, vestia-se como Papai Noel dando vida à fantasia e levando o espírito natalino até os pequenos e isolados ribeirinhos.

Apoio das pessoas

O Papai Noel Pantaneiro, assim como o projeto Inclusão Literária, não recebe ajuda do governo. Por isso desde o início Clóvis precisou buscar formas alternativas para levantar recursos.

Segundo ele, apenas no início da ação de distribuição de livro é que o poder público ajudou, investindo 30% do valor que ele havia solicitado. No entanto, acredita que a falta de incentivo acontece porque o governo não esperava que o projeto durasse tanto tempo.

Clovis, o Papai Noel Pantaneiro Clóvis Matos trabalha como Papai Noel há 14 anos “Eles não acreditavam que o projeto iria durar, porque, normalmente, quem faz projetos por essas leis [de incentivo] estão pensando no imediato, mas eu não tinha essa ideia. Sempre pensei nesse projeto para ser a minha vida, para não parar”, afirma.

Hoje o projeto do Papai Noel Pantaneiro, que ganhou vida de forma tímida, atende milhares de crianças pelas diversas comunidades por onde Clóvis passa. Por isso, ele precisou de novos parceiros para continuar fazendo o trabalho. Um dos maiores colabores do Papai Noel Pantaneiro é a Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Cuiabá (BPW).

Ele conta que as mulheres se empenham e disponibilizam vários pontos de coletas de doações, além de realizarem eventos em seus estabelecimentos para chamar ainda mais atenção do público. “Às vezes as pessoas querem me contratar para ser Papai Noel e eu faço uma troca com eles. Em vez de dinheiro, eles me dão brinquedos”, conta.

A importância do natal

Antes de começar o trabalho como Papai Noel, Clóvis afirma que foi pesquisar o que aquela figura significava. Ele leu diversas histórias que contavam sobre as diferentes versões do “bom velhinho”, mas a que mais lhe tocou foi a de São Nicolau. Ele relata a história do fazendeiro simples que dedicou sua vida a ajudar uma família que passava por complicações. Para o historiador, não há jeito melhor de definir o Tenho certeza que a leitura engrandece as pessoas, ajuda elas a ver outros mundos, principalmente a literatura, para aqueles que vivem mais isolados o livro é uma coisa fantástica, abre portas, abre a cabeça, te leva para outras realidades. que realmente significa a figura do Papai Noel e o sentimento do espírito de Natal.

“O Papai Noel não é obrigatoriamente essa figura que eu represento. Ele é qualquer um que faz o bem, que ajuda, que é solidário, e isso é o ano inteiro. Eu sou assim, eu não tenho pensamentos para mim mais, eu penso nas pessoas, em quem precisa de qualquer coisa, nem que seja para conversar. Eu encarno esse espírito", explica. Para Clóvis não existe trabalho mais gratificante do que os dois projetos que ele toca. Ambos o fazem lembrar de sua infância, quando não tinha condições de comprar seus próprios livros, mas recebia de presente dos hóspedes do antigo hotel de sua família. "Tenho certeza que a leitura engrandece as pessoas, ajuda a ver outros mundos. Principalmente para aqueles que vivem mais isolados, o livro é uma coisa fantástica, abre portas, abre a cabeça, te leva para outras realidades".

Conhecido por todos

O mês de dezembro já o mais esperado pelos pequenos pantaneiros, pois eles sabem que Clóvis está chegando. Esse ano o professor aposentado pretende visitar 50 comunidades. Clóvis afirma que com o projeto ele quer não só levar brinquedos e literatura, mas sim também cobrar os direitos dessas pessoas. Ele sonha em ver mais estrutura nas escolas rurais e não aceita que comunidades tão próximas da Capital vivam uma realidade tão abandonada como agora. "Esse trabalho do Pantanal me dá muita alegria, mas eu quero ir além. Visitar ainda mais comunidades, conhecer essas pessoas, poder ajudá-las com meus projetos.

Minha meta a cada ano é conseguir atingir ainda mais essa população ignorada", afirma. Aqueles que tiverem interesse em doar livros ou brinquedos em bom estado podem entrar em contato pelo telefone: (65) 98135-1176.

Fonte: Midianews