Moradores ribeirinhos, pescadores profissionais e comerciantes de pescado nativo garantem que este ano vai haver fartura de peixes nos rios de Mato Grosso, o que será muito bom os consumidores, porque quando há excesso de oferta desse saboroso alimento, o preço despenca no mercado. O motivo dessa crença: choveu muito no dia de São José, o 20 de março.

“Quando chove muito nesse dia é sinal que a estiagem prolongada vai demorar a chegar, como está acontecendo de fato este ano. Com isso, os peixes saem da calha dos rios e avançam pelos campos em busca de alimentação. Como os rios ainda estão bem cheios, os peixes ficam nos campos comendo e engordando e só voltam para os cursos d’água quando as águas começam a baixar” – afirma o veterano pescador Lindemberg Gomes de Lima, presidente da Federação de Pescadores e Aquicultores de Mato Grosso.

Durante a quaresma e a Semana Santa deste ano, quando aumenta o consumo de pescado, foi baixa a oferta de produtos da pesca nativa – pintado/cachara, pacu, piraputanga, piau, piavuçu – porque com os rios transbordando, poucos pescadores se arriscaram a desafiá-los. E até agora, com as pesadas chuvas periódicas que tem caído sobre a região, mantém grande volume de águas, afugentando os pescadores do seu leito e mesmo de suas margens, porque continuam escorregadias e perigosas.

Um veterano pescador com banca no Mercado do Porto lembra que até o início da década de 70, quando havia ainda abundância de peixes nos rios de Mato Grosso, os ribeirinhos “pescavam” muito usando pedaços de pau. Isso mesmo: com a saída dos peixes da calha dos rios a procura de alimentos, a captura de espécies de maior porte, como os grandes bagres, era facilitada pela falta de mobilidade delas em águas rasas. ”Hoje esse tipo de “pesca” acabou, porque não tem mesmo mais peixes nos rios de Mato Grosso...” – recorda o velho pescador.