ARTESÕES & TEARES

Santo Antônio é o segundo na produção de Redes em MT

Redação: Da Redação | 25/05/2012 - 00:00
Santo Antônio é o segundo na produção de Redes em MT

A diversidade e o colorido da fauna mato-grossense são temas que emprestam suas belezas para as famosas “redes cuiabanas”. Araras, tucanos, onças, garças e tuiuiús.

A figura de um índio flechando uma onça e a imagem de Nossa Senhora do Livramento. São feitas pelas habilidosas mãos das famosas artesãs que passam todos os dias, horas e horas sentadas ao chão forrado por cobertor ou lençol, frente a grandes teares.

As redeiras - como são conhecidas estas artesãs - expõem uma técnica centenária de tear belas peças que são conhecidas nacionalmente e em vários outros países. Esse minucioso trabalho vem conseguindo ultrapassar - ainda que timidamente - os limites do Brasil.

Apesar da beleza incontestável, as redeiras ainda não têm o devido reconhecimento do seu trabalho. Tramita na Assembleia Legislativa projeto de lei, de autoria do deputado Mauro Savi, que pretende mudar essa situação e reconhecer o valor desse ‘fazer cultural. A intenção é acautelar a tradição, que fomenta a economia de várias famílias da região.

Depois do município de Várzea Grande, que é o principal núcleo (porém não em número de redes), vem Santo Antônio de Leverger, Nossa Senhora do Livramento, Rosário Oeste e Nobres.

HISTÓRICO

O artesanato no estado de Mato Grosso é resultado da união de várias culturas ameríndias e europeias, com destaque para a ibérica. Grande parte desse artesanato é formada pelos instrumentos de trabalho das populações rurais, como pelos utensílios domésticos de uso diário e pelos instrumentos musicais. Porém, das manifestações artesanais, a que se tornou mais representativa, tanto pela tradição como pela beleza, é a tecelagem – que tem sua maior expressão nas “redes cuiabanas”.

Conforme registros históricos, essa arte é um elemento da cultura material de várias tribos da América do Sul. Os índios Guanás ou Guanazes, foram chamados de índios Guanus pelos bandeirantes e moradores das barrancas do rio Cuiabá. Era uma tribo brasileira (extinta) que se compunha de quatro grupos principais, divididas em número de cinco a seis mil indivíduos reunidos em aldeias, unidas e localizadas perto de Albuquerque, na margem direita do rio Cuiabá.

Esses índios ocupavam áreas hoje pertencentes à Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento e proximidades de Santo Antônio de Leverger, e em regiões ribeirinhas pouco distantes da capital mato-grossense. Nos séculos XVIII e XIX, forneceram carne a Cuiabá porque tinham passado a criar gado numa região meio pantanosa de Praia Grande e do sul do município de Nossa Senhora do Livramento. Porque sabiam fiar, tecer e tingir algodão, também passaram a fornecer redes, embora grosseiras.

Eles foram os precursores da indústria manual em Várzea Grande; tanto de redes como de cerâmica rude. Entretanto, pouco tempo viveram depois das descobertas da região cuiabana.

A origem do bordado, lavrado, nas redes tecidas em Várzea Grande, que identifica as “redes cuiabanas”, não esta determinada. Uma das hipóteses é a de que teria ocorrido uma troca de informações ou experiências entre índias e portuguesas, ainda no século XVII. Como Mato Grosso recebeu muitas informações culturais dos bandeirantes, poderiam ter sido deles que veio essa técnica.

Pesquisas sobre o início da atividade no Estado indicam que é certo determinar as proximidades de 1719 (1722/ 24) como a época em que foram introduzidas as redes lavradas em Mato Grosso, com os paulistas de Sorocaba, que foram os fundadores do Arraial do Senhor Bom Jesus de Cuiabá.

 

 

Fonte: Fonte: Diário de Cuiabá/Ilustrado/Foto LN- Arquivo