O governador Mauro Mendes (União Brasil) declarou, na manhã desta segunda-feira (13), que a degradação ambiental no Morro de Santo Antônio, em Santo Antônio do Leverger (a 33 km de Cuiabá), é devido às chuvas e que recebe as críticas do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), “com a maior tranquilidade”.
No início do mês, o MPMT fez uma vistoria no local, que passa por obras do Governo do Estado, e constatou a degradação, salientando o perigo à população. Questionado sobre a atual situação do Morro, Mauro Mendes destacou que já foram realizadas as medidas necessárias, após a vistoria do Ministério Público, e que o problema se deu devido às chuvas
“Chove, a água vem e arrasta um pouquinho de terra que tá na pista, encontra um caminho para sair e faz uma voçorocazinha. Ali é um morro, ali é um arenito. Não tem perigo nenhum”, disse Mauro Mendes em entrevista à Rádio CBN.
Mauro Mendes afirmou ainda que este é um problema que atinge mais de 100 obras de infraestrutura rodoviária no estado.
Como foi feita a estrada de acesso, ficou um pouco de material solto em cima, na escavação. Quando veio a chuva, acarretou aquilo ali. É simples assim”, disse.
Quanto à posição do MPMT, Mauro Mendes disse que “o Governo recebe as críticas com a maior tranquilidade” e que irá atender os pedidos do Ministério Público, por meio da promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Cuiabá, Ana Luiza Ávila Peterlini de Souza, responsável pela vistoria no Morro de Santo Antônio.
“Vamos atender o Ministério Público. Se destruiu dez, vinte ou trinta árvores, nós vamos plantar duzentos, trezentos. Não tem problema nenhum. Ana Peterlini é uma promotora diligente, que cuida do meio ambiente, é correta. Nós vamos dialogar com ela. Sempre encontramos o denominador comum de que queremos o bem”, completou.
“Turismo não é manter tudo como está” Ainda na entrevista, Mauro Mendes citou que os brasileiros têm o hábito de visitar outros países e fazer turismo, pois, segundo ele, esses locais possuem infraestrutura.
No Brasil, muita gente acha que fazer turismo é manter tudo como está. O mundo inteiro faz aquilo que o Brasil não faz e aí o mundo inteiro tem turismo, porque tem qualidade. Brasileiros saem daqui para fazer turismo em outros países porque lá tem infraestrutura turística, então nós precisamos construir infraestrutura turística”, declarou.
“O Morro de Santo Antônio é um morro muito visitado. Para subir lá em cima você sai engatinhando, subindo o morro. Teve gente que já caiu, já quebrou o pé. Ali não tem acessibilidade. O que nós estamos fazendo ali é construir uma trilha de acesso, como em qualquer lugar do mundo se faz. Como no Brasil, existem dezenas de lugares que já fizeram”, disse.
Vistoria do MPMT
No dia 04 de dezembro, Representantes do Minsitério Público da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) participaram dos trabalhos para realizar a vistoria no Morro de Santo Antônio. Segundo a promotora Ana Luiza Ávila Peterlini de Souza, responsável pela vistoria, a situação é “chocante” devido ao nível de degradação ambiental causada pela obra e destacou que isso coloca em risco a segurança das pessoas devido à quantidade de pedras e cascalho presentes no local, o que, segundo a promotora, acaba tornando a área muito escorregadia.
O Governo não construiu uma trilha, como informado, mas uma verdadeira estrada, que em muitos locais possui cerca de 10 metros de largura. Além disso, não há sinalização adequada informando a interdição do local, só uma barreira física no início da via para bloquear o acesso de carros, o que não impede a circulação de pessoas, inclusive de bicicletas”, relatou a promotora.
Ainda segundo Ana Luiza, o Centro de Apoio Técnico à Execução (Caex) Ambiental está elaborando um relatório da visita que será anexado ao inquérito civil instaurado para apurar a construção da via de acesso ao Morro de Santo Antônio. “Vamos buscar a responsabilização dos autores desse dano ambiental de grandes proporções.
O Morro de Santo Antônio é uma Unidade de Conservação Estadual da categoria de Proteção Integral, um patrimônio histórico e paisagístico do Estado de Mato Grosso tombado em 2006, e qualquer tipo de obra a ser feita no local deve observar as restrições e limitações previstas em lei”, concluiu. No dia 08 de dezembro, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) publicou uma portaria no Diário Oficial suspendendo a visitação pública ao Morro apontando “riscos à segurança dos visitantes”, devido à realização das obras. A ordem tem validade por 120 dias, prazo este que pode ser prorrogado.
